O Futebol Feminino em Goiânia e a sua realidade

 

O Futebol Feminino em Goiânia e a sua realidade

“Fui proibida de jogar futebol durante quatro anos, meu padrasto me proibiu e isso atrapalhou bastante minha carreira.”

A realidade do futebol feminino no Brasil não é nada fácil, isso muita gente já sabe pelas coisas que lemos e vemos nos meios noticiosos. Porém, quando você começa a vivenciar o dia-dia das atletas, como exemplo que vos escreve, percebe-se que a realidade é um pouco pior. Dificuldades financeiras, preconceitos, falta de apoio, assédio, palavras de baixo calão, são algumas das coisas que as atletas passam no cotidiano do futebol feminino. Desta maneira podemos refletir, por que isso ainda existe na sociedade? Qual seria a razão da diferença de estrutura entre o futebol feminino e o masculino? Sempre a mesma desculpa, “o homem no futebol da mais retorno do que a mulher”. Por que então não investir no futebol feminino como no masculino? São necessárias mudanças para o crescimento da modalidade feminina no Brasil.

O apoio da família nos sonhos é fundamental, afinal existem momentos que você não está bem, o corpo já não está com a mesma agilidade da mente e para uma atleta ou um atleta de futebol isso é comum, pode sim acontecer de certo dia não treinar bem, não jogar bem, não conquistar aquilo que almeja.

A família é um grande aliado para o sonho de se tornar uma jogadora de futebol, porém não é necessariamente isso que temos na realidade do futebol feminino. Preconceitos, pensamentos ultrapassados podem ser fatores que atrapalham no prosseguimento na carreira da atleta de futebol.

 Ana Flávia Souza, tem 17 anos e é jogadora da equipe do Goiás/Aliança, conta que nunca teve um apoio total da família e assim as dificuldades se tornam ainda maiores: “As dificuldades enfrentadas são gigantes, costumo dizer que sonho em um dia que o futebol será somente mais uma profissão para as mulheres, não somente um amor, as pessoas podendo levar isso como uma profissão, não precisando fazer sacrifícios enormes como a nossa realidade. Fui proibida de jogar futebol durante quatro anos, meu padrasto impôs essa situação, atrapalhando bastante na minha carreira. Caso eu não tivesse sido proibida de jogar, poderia estar em um nível técnico muito melhor, afinal quatro anos em uma época de formação é importantíssima. A desculpa do meu padrasto era que o meu corpo iria ficar muito masculino e é esporte para homem”, relata Ana Flávia.

Maior abertura na mídia, mais equipes de futebol na cidade de Goiânia, são algumas das soluções que Ana Flávia acredita que contribua para o crescimento do futebol feminino em Goiânia, conforme a declaração no vídeo abaixo:



Viver do futebol feminino até os dias atuais é algo difícil e às vezes inexistente,  ter a profissão de treinadora de futebol está na mesma levada das dificuldades enfrentadas pelas atletas, salários baixíssimos, falta de apoio, renda, muita das vezes tendo que possuir outras profissões para conseguir literalmente viver. 

A treinadora da equipe do Goiás/Aliança Christiane Guimarães (ou apenas Cris), conta que viver do futebol feminino em Goiânia como treinadora não é possível. Ser treinadora de futebol é mais pelo amor ao esporte e pela vontade de ver a modalidade crescer na cidade e estado. Confira o  áudio abaixo da treinadora, falando sobre:


Patrícia Menezes, é dirigente da equipe do Aliança há 20 anos, com uma experiência enorme no futebol, até mesmo por ter sido jogadora, Patrícia tem um poder de fala importante, visões como dirigente e jogadora. Vivenciou momentos do futebol feminino que comprovam o seu entendimento e poder de fala. A dirigente diz que os mesmos problemas de hoje em dia, são os mesmos enfrentados desde sempre, falta de patrocínio, investimento, sem estruturas, sem recursos para o desenvolvimento. 

Patrícia diz: “A falta de visão para o futebol feminino, falta de desenvolvimento em todos os quesitos como departamento médico, fisioterapêutico, clinico, psicólogos. Precisamos de uma estrutura não só da parte técnica, mas essas partes que envolvam todo extra campo, porém os clubes não oferecem isso aqui em Goiânia. A mídia, o empresário não acredita no futebol feminino goiano. Falta visibilidade e claro, recurso.”


É preciso acreditar mais no futebol feminino, elas precisam de mais valor, atenção, elas são capazes, resta à sociedade em geral perceber isso e abrir o espaço para a modalidade feminina, a dirigente Patrícia Menezes diz: “é essencial a visibilidade, uma melhor atuação da Federação Goiana de Futebol e das políticas públicas, colocando projetos nas escolas, centros comunitários para a prática do futebol feminino para que possa existir um crescimento e também que os empresários acreditem, porque uma hora vai ter um bom retorno”.

Sendo assim, devemos abrir mais portas ao futebol feminino, estamos vivendo no século XXI, onde muitas pessoas dizem que é o século das inovações, revoluções, então devemos fazer valer a pena este momento, uma maior atenção e respeito ao futebol feminino goiano e nacional, torcedores cobrando mais de dirigentes de clubes sobre o futebol feminino, investimentos, mais campeonatos, mais clubes, existem atletas querendo espaço ou vamos querer viver somente em cima das costas da jogadora Marta? Será que se existir uma atenção, quantas Martas podem aparecer? É necessário abrir a mente e espaço para as mulheres no futebol, imediamente!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

É CAMPEÃO

Você Sabia?

Você Sabia?